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ODS 7

O ODS 7 trata, em sua totalidade, sobre questões relacionadas à energia, como a garantia de energia elétrica a todos e uso de energias renováveis. Pequenas medidas tomadas pela equipe de desenvolvimento de software podem contribuir para um uso mais eficiente de energia durante o processo de desenvolvimento e na utilização do produto de software pelos usuários.

ODS 7 e metas em destaque:

ODS 7 “Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todas e todos” (ONU, s.d.) trata, em sua totalidade, sobre questões relacionadas à energia, como a garantia de energia elétrica a todos e uso de energias renováveis.

 

7.3: “Até 2030, dobrar a taxa global de melhoria da eficiência energética” (ONU, s.d.)

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Destacamos a Meta 7.3, onde se pode traçar paralelos entre o gasto energético consumido durante o desenvolvimento de um projeto de software e, posteriormente, seu uso em produção.


Pailman et al. (2022) trazem um estudo sobre as questões energéticas no continente africano e a necessidade da formação de profissionais especialistas em energia, contemplando a igualdade de gênero entre esses profissionais e o quanto a formação acadêmica deve ser ampliada para tal. Considerando que os ODSs se interligam entre si, podemos dizer que quaisquer profissionais deveriam ter consciência das questões energéticas envolvidas no seu campo de atuação.Tem-se então, a importância de trazer a energia como um dos pontos a ser observado durante o processo de desenvolvimento de software. Ratificando o exposto, podemos citar Elavarasan et al. (2021) que afirmam “o mundo pós-Covid exige o desenvolvimento de uma sociedade resiliente que trabalhe em pé de igualdade com o meio ambiente”. Ainda podemos afirmar que “dependendo de como o software é implementado, pode haver influência na potência usada pelo hardware” (GARCIA-BERNA et al., 2021 apud WILKE et al., 2011)¹.


Outro ponto que podemos considerar para contribuir com o não-desperdício de energia num processo de desenvolvimento de software é descrito na seção sobre o ODS 12, que consiste em fazer uma avaliação de mercado antes de iniciar o processo de desenvolvimento em si. Evitando culminar no desperdício total de energia elétrica gasta num software que caia em desuso.
Definição de escopo: as funcionalidades que serão desenvolvidas dentro do escopo do projeto devem estar bem especificadas, a fim de evitar um esforço desnecessário criando funcionalidades que não serão utilizadas de maneira satisfatória, afinal desperdiçar recursos criando funcionalidades que não serão plenamente utilizados vai contra o proposto pelo ODS 7.


Automação de processos, reuso de código e escolha de ferramentas: processos automatizados, como deploy e testes, tendem a diminuir o tempo de execução das tarefas, resultando na diminuição de tempo gasto com energia do hardware, assim como: verificar se há a possibilidade de reutilizar algum código já produzido pela própria equipe de desenvolvedores ou disponibilizado de maneira aberta. Apesar de simples, esses são exemplos de fatores que diminuem o intervalo de tempo que um desenvolvedor precisaria ficar utilizando o hardware para executar as tarefas citadas, consequentemente diminuindo o consumo de tempo energético do dispositivo. Podemos exemplificar com: “uma determinada escolha de API em que diferentes tamanhos de buffer foram selecionados teve impactos significativos no custo de energia, economizando até 76% da energia inicialmente consumida” (GARCIA-BERNA et al., 2021 apud SINGH et al., 2015)².


Medição do gasto energético dos dispositivos de hardware utilizados durante o desenvolvimento do projeto: existem dispositivos de hardware que podem ser acoplados ao computador para medir o gasto energético da máquina, como o EET que possui sensores que podem medir a energia de três diferentes partes do hardware: processador, disco rígido e placa gráfica (GARCIA-BERNA et al., 2021). É uma estratégia interessante quando possível de ser empregada para medir o consumo energético durante o trabalho dos desenvolvedores. Com os resultados que podem ser obtidos através da medição do gasto energético durante o processo de desenvolvimento, podem ser tomadas medidas para a redução do desperdício ou gasto exacerbado de energia, caso necessário.


Testes de caixa preta: para evitar o desperdício de tempo e recursos energéticos, caso sejam utilizados testes de caixa preta no projeto, os casos de teste devem estar previstos e documentados para serem executados de forma objetiva. Além disso, ressaltamos a importância do uso de testes automatizados para que possíveis bugs sejam identificados já durante a construção do código do software evitando desperdício de recursos durante os testes de caixa preta. Estes fatores também vão ao encontro do cumprimento do critério de testabilidade do software, descrito no princípio de manutenibilidade da ISO 25010:2011.


Usabilidade: a usabilidade do sistema é um ponto de alto impacto no consumo de energia do hardware. Se os usuários conseguem realizar as tarefas propostas de maneira clara, ágil e intuitiva, sem precisar de muitos passos desnecessários, se os elementos em tela não demandam tempo de carregamento e não tiram o foco do usuário, o tempo de uso do software é otimizado, logo o tempo de energia gasta pelo hardware diminui. Garcia-Berna et al. (2021) trazem em seu estudo avaliações de gasto energético no uso de sistemas de software de registros pessoais em saúde e aponta casos em que um grande número de usuários acessa um portal web ao mesmo tempo, afirmando que “uma pequena economia na energia consumida para uma determinada funcionalidade pode implicar em uma grande economia na energia total necessária para atender todos os clientes do portal web“, ou seja, uma boa usabilidade do sistema também contribui às questões relacionadas ao funcionamento deste sistema, do ponto de vista energético. Baseado no estudo comparativo do gasto energético, o estudo traz pontos que podem ser adotados num software para melhorar seu consumo, como: tons de cores adequados ao tipo de tecnologia do monitor que será utilizado, widgets devem ter tamanho significativo para que sejam atingidos, as ações a serem executadas devem estar reunidas de forma coerente, diminuição do uso de elementos como barras de progresso e animações, funcionalidades com preenchimento automático, dentre outros (GARCIA-BERNA et al., 2021). Além disto, uma usabilidade adequada encontra os princípios da usabilidade e da adequação funcional da ISO 25010:2011.

Referências

¹Garcia-Berna, J. A., Fernandez-Aleman, J. L., de Gea, J. M. C., Toval, A., Mancebo, J., Calero, C., Garcia, F. Energy efficiency in software: A case study on sustainability in personal health records. Journal of cleaner production, v. 282. 2021. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2020.124262  apud Wilke, C., Gotz, S., Cech, S., Waltsgott, J., Fritzsche, R. Aspects of software’s energy consumption. Inst. fur Softw. und Multimediatechnik. 2011.

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²Garcia-Berna, J. A., Fernandez-Aleman, J. L., de Gea, J. M. C., Toval, A., Mancebo, J., Calero, C., Garcia, F. Energy efficiency in software: A case study on sustainability in personal health records. Journal of cleaner production, v. 282. 2021. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2020.124262 apud Singh, J., Naik, K., Mahinthan, V. Impact of Developer Choices on Energy Consumption of Software on Servers. Procedia Computer Science, v. 62, p. 385-394. 2015. https://doi.org/10.1016/j.procs.2015.08.423.

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ONU. “ODS 7 - Energia limpa e acessível”. Disponível em: <https://brasil.un.org/pt-br/sdgs/7>. Acesso em: 08 de mai. de 2023.

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Pailman, W., Groot, J.  Rethinking education for SDG 7: A framework for embedding gender and critical skills in energy access masters programmes in Africa.  Energy Research & Social Science, v. 90. 2022. DOI: https://doi.org/10.1016/j.erss.2022.102615

 

Elavarasan, R. M., Pugazhendhi, R., Jamal, T., Dyduch, J., Arif, M. T., Kumar, N. M., Shauhrat, C. S., Nadarajah, M. (2021). Envisioning the UN Sustainable Development Goals (SDGs) through the lens of energy sustainability (SDG 7) in the post-COVID-19 world. Applied Energy, v. 292. 2021. DOI: https://doi.org/10.1016/j.apenergy.2021.116665

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Garcia-Berna, J. A., Fernandez-Aleman, J. L., de Gea, J. M. C., Toval, A., Mancebo, J., Calero, C., Garcia, F. Energy efficiency in software: A case study on sustainability in personal health records. Journal of cleaner production, v. 282. 2021. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2020.124262

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